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Categoria: Chamadas - RevistasPrazo: 31/05/2021
Data Evento ou Publicação: 31/05/2021
Indexação (revistas): A2
Pagamento:
Editores convidados: Thiago Falcão (Universidade Federal da Paraíba) | Kishonna L. Gray (University of Illinois Chicago / EUA)
Um dos efeitos mais perniciosos do capitalismo neoliberal é a colonização do jogo: a apropriação de dinâmicas criativas e do lúdico em favor do ritmo acelerado de produção e acumulação assumidas como regra pelas sociedades pós-industriais. A corrupção do impulso lúdico em favor da produção de materialidades, sociabilidades, subjetividades específicas. Esse problema foi explorado por uma série de pensadores do campo dos game studies, mas não passou despercebido por filósofos e teóricos culturais – pensadores como Byung Chul-Han, Jonathan Crary e Mark Fisher, entre outros, que dispensaram atenção à discussão, sublinhando a forma através da qual o uso de mecânicas oriundas dos video games no gerenciamento e na manutenção do mundo do trabalho e da vida acaba por eviscerar o sentido lúdico da atividade, que é reduzida apenas à carcaça insidiosa da produtividade neoliberal.
As últimas décadas testemunharam, assim, o jogo se reafirmar um fenômeno cuja força atravessa diversas manifestações da cultura contemporânea, que é imperativo para a compreensão deste espectro social. Percebemos, de saída, duas dimensões que enquadram a proposta da colonização do jogo: uma dimensão cultural, que se alicerça sobre a migração do sujeito da experiência cidadã para uma de consumo e de achatamento subjetivo; e uma dimensão técnica que normaliza princípios de engenharia social como se eles fossem idôneos, desprovidos de intenções e vieses. Este dossiê se propõe a reunir reflexões sobre a natureza deste jogo cooptado – e como ele se insinua em nosso cotidiano. De lives de candidatos como Guilherme Boulos a políticos internacionais como Alexandra Ocasio-Cortez a entrecruzamentos com o Black Lives Matter; de repercussões geopolíticas e relatos de toxicidade machista no campo dos esports à exploração empreendida através das dinâmicas de gamificação e gamblificação, é certo que o jogo na contemporaneidade não se apresenta simplesmente como entretenimento pueril, mas sim como fenômeno tomado, colonizado por dinâmicas neoliberais que se apropriam de uma complexa rede de materialidades, afetos e subjetividades.
O objetivo deste dossiê, assim, é avançar esta discussão, tanto em sua dimensão filosófica quanto em dimensões materiais, oferecendo análises de comunidades de prática, (game) design, estratégias de distribuição e economia política, e sociabilidade de forma mais ampla. Temáticas de interesse para esse dossiê incluem os tópicos abaixo, não estando limitado a eles:
– Perspectivas críticas acerca das práticas de Gamificação e Gamblificação
– Relações entre Jogo e Trabalho;
– Profissionalização do Jogo;
– Jogos e Capitalismo Cognitivo;
– Jogos e Gênero, Raça e Sexualidade;
– Representações Sociais do Brasil nos Games;
– Práticas de Transgressão e Subversão nos Jogos;
– Modding, Hacking e Apropriações Contra-Hegemônicas;
Encorajamos quem tiver dúvidas a nos contactar através dos emails thiago.falcao@academico.ufpb.br e kishonnagray@gmail.com. Estamos à disposição!
Datas importantes:
Deadline para artigos completos: 31 de maio;
Publicação do dossiê: 31 de agosto.